17.12.10

Alquimista


Assomam-se
as horas perdidas
e da minha boca
nenhuma palavra
a salvo.
Apenas
esse murmúrio rouco
das mesmices estonteantes.

E eu com a roupa da alma...
pele, pura e simples,
invólucro
desse tantinho
de universo
esmiuçado em um corpo
que tange
as cordas da vida,
entoo
o mesmo canto possível
que já conheces há muito.

O teu entendimento
é o cálice que recebe
o sumo do que sou,
e me bebes com expressão
de prazer no rosto.

Alquimista
a separar a pureza da uva
da acidez corrosiva
e estonteante
do meu álcool.


Frederico Salvo

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